quarta-feira, 23 de março de 2011

: Sobre a Inexorabilidade dos Ciclos

O outono chegou. Estação da renovação. Momento de reinventar o óbvio. Folhas secas a documentar em si mesmas com seus DNA's a história muda, mas nem por isso, imperceptível de vidas as quais perecem ante o implacável Tempo e seus ciclos. Assim é a Existência
:emaranhado de dias convertidos em meses e anos a compor a história de cada um com a bela inexorabilidade dos coloridos e enebriantes poentes para pobres mortais como eu. O pôr-do-sol tem idioma próprio o qual se acentua ainda mais nas tardes outonais. Nas secas nervuras das velhas folhas a cobrir o chão do Viver.

Outono

Eis o tempo das árvores nuas.

Das secas folhas.
Época de desfrutar o novo sabor
das maduras e sábias feitas escolhas.

Soltar pelos parques ante o poente
o sabão moldado em leves bolhas.

Vamos, siga a direção do livre frio vento.
Feche os olhos e aspire para os pulmões
o puro ar em movimento.

Veja
quão
lindo
e
lento
é o entardecer
o qual se põe,
se expõe a ti,

incrédulo espectador
a buscar explicações
para as infinitas
sem-razões
que o fizeram
presenciar


os tons sobre tons

das voláteis,
latentes pinceladas
de éter
por demais sobrenaturais,
emolduradas em tardes assim
:feitas de sono,
típica e naturalmente outonais.

Andarilho das Sombras - Copyright©2009.
Música: Divertissement - St Preux
Cique aqui: youtube para ouvir

sábado, 12 de março de 2011

:Sobre Utopia - Matá-la ou Nutrí-la ?

Desde que me entendo por gente ouço a seguinte frase: "Nossa, Brasília me assusta! Terra de ratos e ladrões." Pois bem, mais ainda me assusta e preocupa a postura de alguns em generalizar pessoas, lugares e atitudes... isso é cômodo e, em certa medida, covarde. Não generalize ou julgue uma pequena parcela pelo todo. O mais espantoso é: a pessoa dona dessa frase não é daqui, mas fez questão de povoar a capital federal com alguns dos 'ratos' e ladrões aos quais ela se referiu.

Eis uma homegem à Ilha de Niemeyer e Lucio Costa. Um texto sobre Brasília, terra com ingrata sina, mas repleta de boas pessoas, gente de bem que trabalha honestamente e também sonha com o clichê ou jargão de um país mais justo e melhor. Utopia, matá-la ou nutrí-la?

X Atos

I
Imagine um lugar sem beco
bem seco
como um Martine

II
Viva vitrine de perfeita geometria,
angular simetria,
imagine.

III
Projeto feito por mente de arquiteto
Com paterno afeto,
No ponto mais alto, no central planalto.

IV
Ah, esse Oscar
De fato um Oscar
merecia... usou toda sua mestria
naquilo que ousou criar.

V
Não, não há nada de errado com sua ilha.
por quem sou fascinado,
ou melhor, sua filha,
por quem sou fascinado.
Brasília, legítima flor do cerrado.

VI
Aqui, Mar não se tem.
Porém, a onda ,
Da Piscina provém.

VII
Um mago o misticismo simboliza
pra quem acha que aqui se setoriza
o ostracismo do público funcionalismo.

VIII
Se não há Porto,
Nem Docas, nem gaivotas,
Temos brancas garças,
Um Lago e estilizadas praças.

IX
Quem não se enquadra
No quadrante da Super Quadra
Escolhe num cardápio entre opções
Como o Setor de Diversões
Ou uma de suas versões:
Gilberto Salomão.
Aqui ninguém fica na mão.




X
Ah, Brasília, teu corpo é perfeição.
Teu Eixo, Monumental.
Tu és um avião.
Tua Água Mineral.
Tua importância, visceral.
És musa, despertaste em mim a paixão.


Andarilho das Sombras - Copyright©1998
Fotos - Google.
Música: baixe aqui
contagem regressiva/
Download comum/
salvar no pc e ouvir. Divirtam-se!!

segunda-feira, 7 de março de 2011

: Sobre Renascimento - Teçam-se Auroras

Há um famoso poema de João Cabral de Melo Neto no qual ele constrói belíssimas metáforas sobre o Renascer - Tecendo a Manhã é o nome do texto. Segue um fragmento:
Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

(João Cabral de Mello Neto).

Em um Claro intertexto surgiram os Teares da Aurora. Espero que apreciem. Renasça pois nas almas e corações a esperança : Filha da Quimera e do Real poder de realização armazenado em cada um. Salve, Salve meus caros. Girem as pás dos pós-modernos moinhos quixotescos para que os contemporâneos Quixotes brilhem nos [...]

Teares da Aurora

Coração de beija-flor.
Alma leve
Rascunhada em areia,
em nuvem desenhada.
Pensamentos lindos
líricos,
oníricos,
limpos
de todo e qualquer drama

imbuídos,
revestidos
d’uma suave transparência
e sua límpida trama
Cosida em subliminares
fios de seda
da esperança na existência
ou existência da esperança.
Certeza d’um futuro
O qual já vigora,
Revigora
um presente
cujo olhar
pressente,
enxerga
o agora
na pausa
do porém,
do outrora
na justa causa da essência
:logo ali além
: nos teares da aurora.





Andarilho das Som
bras - Copyright©2010

*Música sugerida: Birds - Emiliana Torrini
Basta clicar no link azul e depois em ouvir.
Divirtam-se!

sábado, 5 de março de 2011

: Sobre as Filigranas da Alma

Vez por outra se faz necessário observar as filigranas da alma cuja impressão será feita na memória ao longo do viver. Algumas dessas marcas d'água serão irrefutáveis provas de evolução. Outras, claros sinais de estagnação. Eis o viver - complexo estágio no qual se aprende por dois modos
: pela dor ou pelo amor. Cabe a cada um usar a sabedoria para que o segundo prevaleça sobre a primeira.

Filigranas


Andar com leveza
por entre as filigranas
de angústia
e silêncio
não é tarefa simples.

Um cheiro
ardido
de coisa que queimou
e não se regenera
invade o ar
e, ainda assim, não o polui.

Andarilho
ou
ermitão
cuja caminhada
ousar
ultrapassar a tênue
fronteira
entre
o sonho
e
o palpável
é um kamikaze
a ganhar guerras
sem
deflagrar
sequer um golpe.

Andarilho das Sombras - Copyright©2010

* Sugiro uma trilha para a leitura desta postagem: clique aqui
escolha a opção download comum/ espere a contagem regressiva e baixe a música. Divirta-se!!

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