sábado, 28 de maio de 2011

: Sobre Olhares e Visões






Há momentos os quais ficam guardados na retina da memória. Estes serão perpetuamente impressos na derme e epiderme da história de cada um. 'Entreolhares'. Flertes entre nossos entrelugares não comuns... subliminares.

Flashes                  

Lentes de contato
colocadas na retina 
da máquina fotográfica
focalizam os vagos 
olhos verdes 
dos negros gatos 
travessos



vagando 
entre 
as travessas
travestidas 
com o negrume da noite.

Olhares crus se cruzam
nos abstratos labirintos
sem saída
da existência.
Não se preocupam em ficar nus
para que lhes seja
abstraída a essência.
Escondem-se
nas maquiavélicas máscaras.
Retalhos de mortalha.

Castanhos olhos bailam embalados 
pelas calientes castanholas
Que cantarolam entrelaçadas 
nos embriagados dedos da cigana,
Domadora da estranha fusão 
dos olhares instintivos 
da águia e do tufão.
Olhar
é
o
produto
da
fecundação
entre
o
mito
e
o
mistério.

Gerando a múltipla mistura
captada pela íris
dos mudos mundos
contidos
:nos vastos
:variados
e únicos universos
dos muitos olhares.

Andarilho das Sombras -  Copyright©1996
♫♫♫ Nyah - Hans Zimmer
Clique no link laranja e ouça)

terça-feira, 24 de maio de 2011

: Sobre Influências e Tributos

Desde que me entendo por escritor trago nas veias uma boa porção de influências drummondianas. Ao meu ver, ele é o maior poeta da Língua Portuguesa, 'pari passu' com Fernando Pessoa. No Brasil, não há maiores que esse mineiro de Itabira. É chegada a hora de homenagear esse grande poeta brasileiro. Para tanto, escolhi um poema publicado em meu primeiro livro, cuja edição está esgotada, mas tenho o prazer de dividí-lo com vocês por aqui. Espero que apreciem sem moderação. Afinal, Drummond é Drummond. Assumo minha infinita pequenês e atrevimento ante sua escrita, contudo, segue abaixo o referido texto. ( Perdoe-me pela ousadia, Mestre). Reverências a ti, grande poeta!

Tributo a Drummond

Basta uma fração de segundo para o verso primeiro
Tornar-se passado, mesmo que passado a limpo...
Ao José de hoje não se pergunta ( E agora?)
As mãos dadas de outrora não se dão a este luxo.

Terceira guerra - inexplicavelmente ainda não começou.
Terceiro reicht -  sistema inexoravelmente sem nexo.
Terceiro mundo - teorema incompreensivelmente complexo.
Terceiro sexo - categoria que gradativamente se estabilizou .

As mãos de agora estão dadas
A arremessar dados num jogo de azar.
Colocam a roleta russa para girar e
Se unem como quem alienadamente ora.


Ora, oram pela gloriosa hora
De participar mais ativamente
Do jogo, onde a aposta mínima
: É sem
E quem comanda a jogatina
É, invariavelmente, a vida

:Sem terra
:Sem teto
:Sem estudo
:Sem escrúpulo.

É... mestre, minha missão:
Mandar missas várias rezar,
Escrever missivas, manifestos...
Esquecer para lembrar.

Andarilho das Sombras - Copyright©1996.
Imagens: Google
Música: Goldfrapp A&E Instrumental
(Clique no link laranja e ouça)

domingo, 15 de maio de 2011

:Sobre Saudade, Solidão e Amor

Eis um sincero tratado sobre Saudade, Solidão e Amor. O coração é morada de muitas sensações e possibilidades. Entre elas, o arrependimento de não levar a sério o que ele mesmo diz ou demonstra. Acho que preciso de cuidados cardíacos, mas estes não serão prestados por um cardiologista. Talvez alguém que saiba o que seja sentir e deixar saudades nos corações alheios seja mais indicado a essa tarefa.
Justo ela
:a saudade de me apaixonar. Todos sabem de seu quase inevitável parentesco com a paixão a qual pode incendiar esse mesmo coração não incrustado nas árvores em nome de um amor como se sonhava, nem tão pouco impresso na brevidade da areia à mercê da maré da existência conforme anunciam, em felicidade, os comerciais de margarina. Quem sabe seja eu o portador de algo crônico e incurável como a disritmia impiedosa de um coração causada pela solidão de pulsar
:sozinho
:em desilusão.

De qual Solidão trata esse texto (?)
Aquela só aplacada
Pelo beijo de namorada
Ante o triunfo ou fracasso
De um dia.

Ou ainda a abrandada
Pelo sorriso
ou doces palavras de filha



Ao dizer
: ‘não se preocupe, Papai...’
Do alto de seus dois anos
e meio de idade...








(ainda sem saber quão importantes foram seus dizeres).


A cantada e proclamada
pelas lindas leves vozes
roucas e marcantes
das divas
do Jazz americano.

A lírica e dilacerante
solidão do final
de noite melancólico
em um Scott-bar.
Aprimorada pelos ingleses
Em seus Pubs.
( ao som de Adele)


Cuja presença
Adere à alma
Com lirismo
e
leveza
Nem por isso menos
Avassaladores.

De que saudade se fala neste texto (?)

Simples.
A mais óbvia possível
:Aquela que carrega em si
toda a vontade
de amar
e
ser amado.

Que amor é esse (?)
Não falo de amor fraternal


ou maternal
os quais, graças a Deus,
tenho em abundância...
Mas sim, do amor passional
: reconhecido pelo faro
por um cheiro
de pele feminina.

Moram em mim ( sem pagar aluguel)
: a falta
: a ausência
: o chamego
: o aconchego.
Perdão pelo desabafo, meus caros leitores. Cansei de ser subjugado pelas minhas limitações físicas. Espero um dia ter a certeza de que as pessoas saibam a diferença entre limitação e invalidez. Hoje, mais uma vez, isso ocorreu.
Sem falar no preconceito. Pior, não será a última vez.
As mulheres da capital federal chegam a ser desumanas.





Andarilho das Sombras - Copyright©2011

Música: Hometown glory - Adele.
(clique no link laranja e ouça)

sábado, 14 de maio de 2011

:Sobre Física e Quimíca - Fragmagens

O Poeta é o porta-voz do Impossível. Insiste em, pela poesia, contrariar as leis da Física a procura de uma química quase perfeita. Afinal, a perfeição é irmã do Impossível, mas flerta diariamente com o Improvável. Fragmagens a compor um cardume de palavras a nadar pelos nada pacíficos oceanos da vida. Será mesmo que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço (?)


Fragmagens


Imagens
em
fragmento.

Fragmentos
em
imagem.

Átomos sem pigmento
a montar a transparente
história de vida de um ser
amorfo,


mas
com
sentimento.

Molécula

Substância
à procura
de
seu
substrato.




Abstrato
Humano
substrato

em busca
de
sua
Humana
substância.






Andarilho das Sombras - Copyright©2011.
Música - Fragmagens - Donna Maria.
(clique no link laranja e ouça)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

:Sobre Lascívia e Volúpia

Há quem defenda o ponto de vista pelo qual a volúpia passa obrigatoriamente pela existência do componente 'nudez'. Discordo. A postura lasciva aparece, antes de mais nada, pela atitude, um jogo de sedução, mistério, instinto intrínseco em cada ser humano. Olhares, toques cuja presença desperta gradualmente lúbricas sensações. Por vezes o charme se manifesta nos detalhes, pormenores os quais fazem completa e total diferença no ato de seduzir... e este não está necessariamente ligado ao vulgar.

Espartilho

Preto espartilho atiçando,
Provocando uma rebelião,
Manifestação
de hormônios em massa.
Cobrindo os seios
meia-taça.

Respiração quase nula.
Escassa.
Mãos sobre os lábios
feito mordaça.
Gestos inesperados.
Codificados.
Narinas farejando-me
como fosse eu
exposta,
indefesa caça.
Sinais vitais
corporais fatais

Transparecendo,
transpirando,
Sussurrando
(...)
paraaaaaaaa
(...)
como quem diz
façaaaaaaa.




Andarilho das Sombras - Copyright©2009.

Música - Sade: No Ordinary Love
(Clique no link laranja para ouvir)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

: Sobre Júbilos e Celebrações (36)

Para comemorar mais um ciclo de vida a ser celebrado amanhã, ergo um brinde à própria vida. Agradeço ao universo pela oportunidade de poder estar com amigos e familiares em datas aniversariadas. Minha alma está em júbilo! Ter por perto, mesmo que em distância, pessoas tão importantes, especiais e significativas para mim em minha trajetória terrana é o presente mais especial que pode haver.

Obrigado a todos. Lembrem-se
:carpe diem, meus amigos[...]

Carpe Diem

Aqui serão eternos
Todos os dizeres da alma.
Sejam eles feios ou belos;
Com ou sem presença de calma.

Pareceres antiquados ou modernos
Aqui serão postados
Serão também deixados alguns elos
Entre o visível e o invisível
Sejam eles incolores ou amarelos.

Aqui serão escritas odes
Contrárias ao ódio
Serão vistos pontos de vista
Os quais escapam à nudez
Do olho nu.

Elementos como cloreto de sódio
E mel transcenderão a química
Combinar-se-ão de forma alquímica
Pra fecundar momentos nada vãos
Que vão da alegria
De uma sempre viva paixão
Ao mais cru dos momentos de solidão.

Aqui, instantes serão tatuados,
Xilogravados, perpetuados
Nos troncos centenários
E bifurcados das árvores do Existir.

Momentos de chorar, sorrir, refletir
Sobre o mágico e desafiador desfiar
Do Carpe diem.
Degustado, por exemplo,
Num caqui a se desfrutar.
Na dança de quem canta
Se encanta
Com a vida e sua linda melodia.
*Filha, sinto sua falta!
Andarilho das Sombras - Copyright©2009.
Música: O que é, o que é - Gozaguinha
(Clique no link laranja/download now/20 segundos)
(salve a música em seu pc para ouvir)

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