Em tempos modernos não há tempo para se praticar, exercitar o ato de se ser leve. Correr, correr, correr... eis o verbo do momento. Compromissos, atribulações, prioridades diversas nos fazem descartar, ignorar o ócio... e, sem ele, escorre pelo ralo a qualidade de vida... (vida?) Encerro minhas rápidas palavras com um clichê mais que necessário e atual
: Socorro! Pare o mundo que eu quero descer!
Ser Leve
É preciso ser leve o bastante
pra se deixar levar pela leveza
do instante - veja o rouxinol
e sua agradável melodia
: num tom que mais parece mi b mol.
Ser leve é observar o banho
intrépido dum bando fagueiro
e lépido de pardais...
apreciar um lindo fim de tarde
na placidez do cais.
É ser um ser tão insustentável
quanto a própria insustentabilidade
da leveza do ser.
Pra ser leve como neve é preciso
admirar a sutileza do sorriso,
filho da ternura
e do improviso.
Nascido assim
:sem aviso.
Experimente andar
de bicicleta
mesmo não sendo atleta.
Faça como o mímico
que fala por expressão
ou gesto mínimo,
sua mensagem transmite,
contudo, com nada
o silêncio agride.
Travestido de boneco
rompe o tênue limite
entre o mesmo silêncio e seu eco.
A leveza é algo onisciente.
Onipotente.
Ela por ela mesma se resolve
:ou continua leve feito
espuma e bruma
:ou então...
levemente se dissolve...
seja na incerteza do deserto,
seja na certeza mais que certa
do momento certo.
Andarilho das Sombras - Copyright©1998.
♫♫♫ La Noyée-Yann Tiersen - Amelie Poulain.
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