Desde que me entendo por escritor trago nas veias uma boa porção de influências drummondianas. Ao meu ver, ele é o maior poeta da Língua Portuguesa, 'pari passu' com Fernando Pessoa. No Brasil, não há maiores que esse mineiro de Itabira. É chegada a hora de homenagear esse grande poeta brasileiro. Para tanto, escolhi um poema publicado em meu primeiro livro, cuja edição está esgotada, mas tenho o prazer de dividí-lo com vocês por aqui. Espero que apreciem sem moderação. Afinal, Drummond é Drummond. Assumo minha infinita pequenês e atrevimento ante sua escrita, contudo, segue abaixo o referido texto. ( Perdoe-me pela ousadia, Mestre). Reverências a ti, grande poeta!
Tributo a Drummond
Basta uma fração de segundo para o verso primeiro
Tornar-se passado, mesmo que passado a limpo...
Ao José de hoje não se pergunta ( E agora?)
As mãos dadas de outrora não se dão a este luxo.
Terceira guerra - inexplicavelmente ainda não começou.
Terceiro reicht - sistema inexoravelmente sem nexo.
Terceiro mundo - teorema incompreensivelmente complexo.
Terceiro sexo - categoria que gradativamente se estabilizou .
As mãos de agora estão dadas
A arremessar dados num jogo de azar.
Colocam a roleta russa para girar e
Se unem como quem alienadamente ora.
Ora, oram pela gloriosa hora
De participar mais ativamente
Do jogo, onde a aposta mínima
: É sem
E quem comanda a jogatina
É, invariavelmente, a vida
:Sem terra
:Sem teto
:Sem estudo
:Sem escrúpulo.
É... mestre, minha missão:
Mandar missas várias rezar,
Escrever missivas, manifestos...
Esquecer para lembrar.
Tão lindo tudo isso.
ResponderExcluirUm beijo
Denise