quinta-feira, 18 de novembro de 2010

: Sobre Sombras - Sedução

Sob severa sentença de sumária solidão, sinuosas
Silhuetas simetricamente sobrepostas no sombrio
Submundo das sombras sucumbem aos sofisticados
Sofismas da sórdida serpente...

Somam-se em somática simbiose.
Somem em simultâneo singular.
Sorvem-se em sedenta sedução.

Submersas em sereno silêncio, sentem o sustenido
Som das seqüências semifusas e
Semibreves em si e sol da solene sinfonia de setembro;
Soam os sinos soltando seus solos soturnos e solitários...


Sobre a seda sobram:
Sal, suor, suspiros, Sussurros,
Sossego e sinais de sofreguidão...

Somente os sábios
Sabem a secreta senha da sublime
Sensação: Sagrado segredo
Semeado no salubre sangue dos servos,
Simples semeadores da surreal semente dos sonhos.


Texto: Síndrome Sigmática
Andarilho das Sombras - Copyright©1997.
Todos os direitos
reservados sobre o texto .

terça-feira, 16 de novembro de 2010

: Sobre O Tempo e a Felicidade










O Sorriso do Tempo



A felicidade
é um sorriso
aberto
na face
do Tempo.

Corre
escorre
ocorre
decorre

que
nem mesmo
o próprio
Tempo
sorri
o
Tempo
todo.

Texto: Andarilho das Sombras - Copyright©2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

: Sobre Dança e Fogo

Uma de minhas grandes frustrações é não poder dançar. Nem em pares, nem de forma solitária.
A dança expressa muito bem a plasticidade e elasticidade com as quais o corpo pode se manifestar em dançante evolução. No entanto, o fato de não poder dançar não impediu a criação de um de meus poemas mais imagéticos. Uma celebração à vida e sua movimentação. Detalhe: Este texto serviu de release para uma coreografia de dança com mesmo nome do poema.

Rito ao Fogo

Oh fogo, que encandece as entranhas do dragão,
ouça o grito nascido na profundeza do pulmão
daquele povo que tua fúria e beleza enaltece,
desce desse altar onde posa com altivez de mito.
Circula por entre veia e artéria,
do humano aquece espírito e matéria
pra que de Vulcano se possa evocar a força.
Teu calor entorpece: como se uma chama insípida,
inodora e incolor pudesse provocar uma espécie
de furor intenso e indolor.
Ígnea centelha desperta a alquimia vermelha
de sentimentos como a dor e o ardor de uma paixão,
fabricando movimentos os quais lembram
a pirotecnia de um amor em combustão.

Oh fogo, tu que és o único dos quatro fundamentais
elementos capaz de incendiar a anatomia dum corpo,
molda esta coreografia conforme tua vontade,
o que antes era estática partícula,
agora é a mais pura e plástica verdade.

Eis uma celebração
onde a única religião
é a arte pela arte
e cada humana labareda
faz da dança um estandarte

Texto: andarilho das sombras - Copyright©1998
Imagens: google.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

: sobre o jogo da vida















Alguns encaram a vida como um jogo (de interesses) . Não estão totalmente errados. Mas prefiro crer em algo maior. Se isso ainda assim for uma jogatina, seja esta pois para se apostar na evolução do Homem e não em sua gradual degradação enquanto espécie. Que venha então um xeque-mate com muito lirismo e crença em algo sublime, algo tão magnífico quanto degustar taças do mais refinado vinho - quer seja ao lado dos amigos ou na meia-taça - oferecida aos humanos pelos semi-deuses, discípulos de Baco, em suaves, porém selvagens corpos femininos.


Xeque-Mate

Drop’s de hortelã ou anis
apura o hálito da boca
à caça
d’um beijo com ardis.

Na tela, um drama de Almodóvar
procura mostrar talvez
ser o amor a mola-mestra
da trama
pela qual o mundo se mova.

Um jogo de xadrez
cujo objetivo do xeque-mate
ainda é depor reis,
(psicologicamente)
provando quão
seu reinado foi vão,
levando a rainha pra alcova
ou mesmo amando-a no chão
faça sol ou porventura chova.

Então, vem rainha,
seja minha
somente por devoção
mata a sede que me consome

com o néctar de sua vinha e sacia
a mais impiedosa
fome que agora se amplia,

com a carne da fruta-pão.

O vinho enfeitiça atiça
coloca-me num torpor
a pele libera expele
a fórmula mestiça
do êxtase
inconfundível odor,
mesmo não sendo
advinnho posso supor
em breve será feito Amor


Vem, meu corpo envolva
sem qualquer pudor
sorva
com a saliva meu sabor
até que eu (prazerosamente)
lhe absorva
magicamente resolva
lhe provar
sem tirar de Cartola
a fantástica e simples descoberta
de que as rosas não falam,
simplesmente as rosas exalam
nosso enredo
antes do filme terminar.

Texto: andarilho das sombras - Copyright©2001.
Imagens: Google/1000imagens.com

segunda-feira, 17 de maio de 2010

:Sobre Sensualidade

A sensualidade se revela, desvela de várias formas. Há quem defenda a tese de que ser sensual é algo intimamente ligado a nudez. Discordo. Eis a arte do esconde-mostra, do mostra-esconde. Sutil presença de curvas, ângulos em um eterno jogo de sedução no tabuleiro da sensualidade.

Perpendicular

Farei
de
teu
corpo
em perpendicular
meu
lar
doce
lar.

A ti
curvo-me forma
feminina
em
arquitetura ora reta,
ora
angular.
Límpida, ávida
felina forma
feminina
a
me farejar

Aroma
de revolto cio
solto em desvario
pela restrita amplidão
da semente
do grão
a se multiplicar

Hei de fazer do corpo meu
Teu
lar
doce
lar
e moradia de mim
tua mais bela
e infinita
perpendicular.

:texto - andarilho das sombras
:Imagens - 1000imagens.com

domingo, 9 de maio de 2010

: Sobre o céu de Lisboa

Gaivota

Saia do limbo,
pequena gaivota.

Mostra com tua
não linear rota
seres do céu
fiel cúmplice,
devota.


Alinhava
com tuas agulhas-asa
a salgada tez
do mar
ao cheiro tinto,
porém
avinagrado
de um saudoso fado.

No azulejo
do além-tejo
o púrpura
crepúsculo
do impressionante
céu de Lisboa
lentamente
a se pintar
tal qual impressionista
tela de Renoir.
Antes do nascer do dia
abre-se a fenda

:o quase
toca o ainda
o ainda
no quase
por um triz
não finda.


Texto: andarilho das sombras

Pintura: Diego Mato Toledo

Imagens: Google

quarta-feira, 28 de abril de 2010

: sobre voar

Alma de Pássaro

Aqui está um homem com alma de pássaro.
Minha fragrância tem matiz de cravo e canela.
Meus desejos têm a sonoridade da conquista.
Minhas vestes têm aroma de liberdade.
Minha face balbucia a tranqüilidade quando repousa.
Minhas pupilas se dilatam quando canto notas de felicidade.
Quando acordado, penso no sabor de quimera de uma paixão.
Alegra-me a melodia da sedução: aquela que sacode o corpo
e atinge a alma com a mitológica flecha do Cupido.
Trago em minhas veias a metáfora do mistério (a desvendar).
O inesperado é a chave pra minh'alma suspirar e gargalhar.
Em mim pulsa o medo da solidão, com o qual já convivo.
Arrepio-me quando me são confidenciados lúbricos segredos :
legítimos filhos do torpor e da lascívia.
Mora em mim a mania de ver e decifrar desenhos em nuvens.
Revelo muito de mim quando calado: a alma se pronuncia.
À expectativa da espera - e diante dela - a certeza
de que nada virá: visto o traje fúnebre da frustração.
Ante o medo, imagino o colo, os braços, os seus – Amor meu -
Diante deles não me contenho.
Se assustado, lembro-me: a calma mora no poente.
Minhas quimeras infantis têm a sinfonia da inocência
e a magia da descoberta.
A arca que contem meus segredos está em minha surrada,
mas esperançosa alma. (Que esperança ela tem???)
De que alguém encontre esse baú - e mais que isso - o abra. (ele foi aberto). Meu beijo tem o silvestre sabor de amora salpicada de amor.

: andarilho das sombras
: imagens: 1000 imagens.com

segunda-feira, 19 de abril de 2010

: ensaio sobre liberdade


Desde o sucesso cinematográfico da t
rilogia de Krzysztof Kieslowski, indago-me sobre os motivos pelos quais este cineasta atribuiu cada uma das cores a cada um pilares os quais sustentam a essência da humanidade?Qual a razão para que a liberdade se pinte de azul? O motivo pelo qual se coloriu de vermelho a fraternidade? Por que pigmentar a igualdade com branca matiz? Este não é o traje da paz? Tais questões fizeram-me poetizar algo tão inefável, etéreo e subjetivo quanto a própria seleção destas colorações e atribuí-las a cada sentimento já citado.

aquarelado

vermelho-fraternidade.
fraterno branco
sangue azul-liberdade.

branca-fraternidade

invade
franca irmandade



brancalidade azul
vermelhice- liberdade
verdade?

Imunidade azul
vermelha igualdade
livre-arbítrio nu

azulidade fria
a pretidão
quebranta.

brancura
a suave alvura

de si mesma amplia.
azul quase aqualisa

unitom, unta cor
junta vermelhazul

unge de leve branca brisa.

vento-moleque brinca
transparente surge
o tempo tri
nca

Com urgência urge
e no último suspiro aquarelado
de mim anuncia

:fim

: andarilho das sombras

sexta-feira, 16 de abril de 2010

: porque os girassóis também morrem.

fim de linha
Engraçado,
Hoje observei girassóis;
Nenhum deles
Apontava pra Rússia
E, apesar do sol a pino,
Pareciam estar
Em outra órbita,
Talvez à procura
Do sol da meia-noite,
Aquele que mesmo
À meia-luz provoca
Tórridas paixões.

:andarilho das sombras



Vento solar e estrelas do mar
A terra azul da cor de seu vestido
Vento solar e estrelas do mar

Você ainda quer morar comigo?
Se eu cantar não chore não
É só poesia
Eu só preciso ter você
Por mais um dia
Ainda gosto de dançar
Bom dia
Como vai você?

Sol, girassol, verde, vento solar
Você ainda quer morar comigo?
Vento solar e estrelas do mar
Um girassol da cor de seu cabelo

Se eu morrer não chore não
É só a lua
É seu vestido cor de maravilha nua
Ainda moro nesta mesma rua
Como vai você?
Você vem?
Ou será que é tarde demais?

O meu pensamento tem a cor de seu vestido
Ou um girassol que tem a cor de seu cabelo?

lô borges

* Porque os girassóis também morrem.

:andarilho das sombras

terça-feira, 13 de abril de 2010

Mero Esmero

Frio vento.
Gélida alma.
Ausente calma.

Muda palma
pluralizada
amplificada
em surda salva.

Como explicar a indiferença
a qual, com sua presença,
desertifica o viver
torna banal o existir?

Existir, para que?
Mendigar afeto?
Indulgente?
Não
Quase indigente
Vão
Áspero grito
Silenciado
Sitiado

Mero esmero
(...)
reticente
(...)
no silêncio
de si próprio
reverberado.

: Andarilho das Sombras

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