segunda-feira, 7 de maio de 2012

:Sobre o Sertão e o Sabiá


Sertão
Vez por outra
             o sertão fala alto aqui dentro
                                 :idioma seco
                                          :trincado
                                           :cantado em bico de sabiá
                  sentimento desidratado
                               :muito mirrado
                  :em árido peito plantado.

Sabiá

Eu não sabia
quão sábia
era a sinfonia
solitária do velho sabiá

dela nasceu no ventre
da mãe-natureza

o rascunho
da benfazeja rajada

:definitiva harmonia
canção em sol
raiada
                          ainda que sofrida
                                            :encantada
                                            :sofrejada
                                                 em fá
                                                     :cá
                                                      e
                                                        lá.
                                                           .
Ps: Na falta de uma bela imagem de um sabiá, recorri a uma foto de um 'passarim' com penas de sol poente.

Guardião de Quimeras - Copyright©2012.
♫♫♫ Baião Destemperado - Barbatuques
(clique no link laranja e ouça)

4 comentários:

  1. Adorei! Como boa nordestina que sou apreciei de forma grandiosa o que você escreveu
    concordo com o "idioma seco / trincado"
    muito boa essa forma que coloca as palavras
    muito bom mesmo!

    Abraço

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  2. Oi, Roberta... grato pelo carinho da visita. Fico feliz que os poemas tenham lhe agradado. Fraterno Abraço. Volte sempre!

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  3. Gustavo, falar em sertão é lembrar Minas, Guimarães, você e outros tantos, que em verso e prosa o imortalizaram. Mas, a aridez do sertão habita nos homens, na incomunicabilidade de suas almas tão centradas em si mesmas. Guimarães já dizia: "Tolere, isso aqui é sertão"... eu diria, que ele é dentro da gente: travessia de alma e mente, arco-íris do universo a cantar e encantar o coração do poeta.

    Beijos

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  4. Realmente Gilvânia, o sertão é um ser tão denso a habitar os homens de forma inexorável que, por vezes, se alastra silenciosamente feito matéria de deserto. É preciso tolerar as fases áridas da vida a se desfiar em inóspita travessia a qual, ainda assim, tem o estranho poder de encantar. Beijos.

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