sexta-feira, 9 de setembro de 2011

:Sobre Leveza II - Ser Leve

Em tempos modernos não há tempo para se praticar, exercitar o ato de se ser leve. Correr, correr, correr... eis o verbo do momento. Compromissos, atribulações, prioridades diversas nos fazem descartar, ignorar o ócio... e, sem ele, escorre pelo ralo a qualidade de vida... (vida?) Encerro minhas rápidas palavras com um clichê mais que necessário e atual
: Socorro! Pare o mundo que eu quero descer!

Ser Leve
      
É preciso ser leve o bastante
pra se deixar levar pela leveza
do instante - veja o rouxinol
e sua agradável melodia
: num tom que mais parece mi b mol.

Ser leve é observar o banho
intrépido dum bando fagueiro
e lépido de pardais...
apreciar um lindo fim de tarde
na placidez do cais.

É ser um ser tão insustentável
quanto a própria insustentabilidade
da leveza do ser.

Pra ser leve como neve é preciso
admirar a sutileza do sorriso,
filho da ternura
e do improviso.
Nascido assim
:sem aviso.       

Experimente andar
de bicicleta
mesmo não sendo atleta.

Faça como o mímico
que fala por expressão 
ou gesto mínimo,
sua mensagem transmite,
contudo, com nada 
o silêncio agride.

Travestido de boneco
rompe o tênue limite
entre o mesmo silêncio e seu eco.

A leveza é algo onisciente.
Onipotente.
Ela por ela mesma se resolve
:ou continua leve feito
espuma e bruma
:ou então...
levemente se dissolve...
seja na incerteza do deserto,
seja na certeza mais que certa
do momento certo.

Andarilho das Sombras - Copyright©1998.
♫♫♫ La Noyée-Yann Tiersen - Amelie Poulain.
(Clique no link laranja e ouça).

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5 comentários:

  1. -Pare o mundo que eu quero descer!

    Se fosse possível que eu descesse do mundo sem que o mundo descesse comigo eu repetiria essa frase todas as manhãs em que levanto cedo para o corre, corre que só se encerra à meia-noite... como no conto da Cinderela.
    Mas, essa Cinderela trabalha o dia inteiro, faz faculdade em outra cidade a noite, não tem um príncipe encantado com um sapatinho de cristal na mão, a madrasta má é o ácido que a vida transborda e a irmã implicante são os contratempos que surgem...

    Eu só queria ser, sentir e ter essa leveza, fruto da sutilidade, sem parar e pensar por nenhum segundo em horário, livro e ônibus. Só isso, mas é muito porque é necessitado.

    Sua poesia me proporciona minutos de leveza em dias tão pesados.

    Beijos.

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  2. Acabei me sentindo leve no decorrer do texto. Deveríamos sempre tirar um tempo para nós mesmos, para um encontro íntimo conosco; sem levar em conta os acontecimentos ou os fatos que nos cercam. Há momentos onde correr e descer do mundo é fundamental para manter equilibrado nosso estado de espírito. Encantada!

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  3. Hum , hoje que vi seu comentário
    lá no blog e vim aqui lhe visitar ,
    ser leve , eu preciso aprender a ser leve ,
    não consigo , nunca consegui , eu firmo meus pés de uma forma que não é nada leve , nada do que eu faça me faz me sentir assim , leve ,
    será que um dia aprendo ?

    Beijos ! boa semana:)

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  4. Que honra para mim saber que há um espacinho meu por aqui. Obrigada mesmo! Fiquei muito feliz. O link está aprovadíssimo.
    Desejo muito sucesso ao Mero Esmero.
    :)
    E obrigada por participar do Distracting Pages!
    Seja muito bem vindo.
    Beijinhos, Wanderly.

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  5. Essa leveza que não desiste de nós, apesar de muitos já terem desistido dela... E é tão bom se sentir assim, nesses tempos onde os ponteiros voam, está cada vez mais difícil parar pra sentir a brisa que sugere leveza, e carrega essa essência de ser leve. Mas quem tem alma latente nunca perde o dom de sentir o vento acariciar o rosto; nunca perde o dom de ser leve.
    E essas palavras são assim, leves, embalam o leitor numa brisa mansa.

    Forte abraço.

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